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Consciência Política

Muito se tem falado sobre “política”. Mas, o que é “política”, realmente?
Se consultarmos o dicionário, veremos que “política” é uma arte, que, se bem empregada, poderia trazer muitos benefícios.  Temos várias definições:
Ciência dos fenômenos referentes ao Estado; – Ciência Política; – Sistema de regras respeitantes aos negócios públicos; – Arte de bem governar os povos;
Habilidade no trato das relações humanas, com vista à obtenção dos resultados desejados; – Maneira hábil de agir; – E outras.
No entanto, para que haja uma boa política, esta deve estar acompanhada de algo divino, Consciência.
E, o que é “Consciência”? É o sentimento ou percepção do que se passa em nós; – Voz secreta da alma; – Senso de autocrítica, aprovando ou desaprovando nossas ações; – Senso de responsabilidade; – Honradez; – Retidão; – Sinceridade absoluta.
Infelizmente, essas duas palavras “Consciência” e “Política” não têm estado ligadas ultimamente.
Os nossos “pretensos políticos” talvez nem saibam o que realmente é “Consciência Política”
Vários são os fatores que causam essa ignorância generalizada.  Basicamente, o nosso povo ainda não despertou para a importância que tem o seu voto.  Assim como aqueles que se candidatam a cargos públicos também não estão preparados para exercê-los.  Em ambos os casos falta “Consciência”.  E o pior é que isso já vem de longa data.
Parece-me que chegou a hora de revertermos este quadro.  Precisamos fazer uma auto-análise e procurar descobrir o verdadeiro sentido da nossa existência.  Tomarmos consciência de que todos nós temos missões a cumprir, e, se possível, fazer sempre o melhor em tudo.
Cito aqui um trecho de um Ensinamento de Meishu-Sama, Fundador da Igreja Messiânica Mundial, constante do livro Alicerce do Paraíso: “Aos políticos cabe esquecerem a si próprios, pondo a felicidade do povo acima de tudo e erigindo-se como exemplos de boa conduta. O povo também deve praticar boas ações e esforçar-se, constantemente, para desenvolver sua inteligência”.
É certo que a perfeição do homem é uma utopia.  No entanto, devemos nos esforçar, ao máximo, para tentar alcançá-la.  Só assim poderemos ser felizes de fato.
  Sinceramente!
         Jeronimo Madureira
  10/01/08.
Jeronimo Madureira
Publicado no Recanto das Letras em 10/01/2008
Código do texto: T811669

A Consciência

A consciência 

A consciência psicológica é o poder que possui o espírito de perceber a si mesmo. É a intuição que um ser tem das modificações que nele se processam, a função pela qual conhecemos nossa vida interior. 

A consciência pode ser considerada sob quatro aspectos: conteúdo (objeto à consciência); atividade (função psíquica unificadora da vida mental); violência (experiência vital, estado vivido das consciências); saber (conhecimento das coisas vividas ou aprendidas). 

A intencionalidade, isto é, o ato de tender a algo distinto de si mesmo, é o caráter de toda consciência atual. A consciência só existe, portanto, como consciência, algo distinto de si mesma, a consciência revela a objeto, revela a si mesma. 

Consciência psíquica 

Sob ponto de vista psicológico, a consciência caracteriza-se por uma atividade de síntese mental, que consiste em coordenar, num ato único de pensamento, um número, maior ou menor, de elementos psíquicos. O tipo dessa atividade sintética é representado pela atenção, que se manifesta pela unificação da vida psíquica nem sentido determinado, acompanhada de um grau elevado de consciência. 

A síntese mental pode ainda ser encontrada na percepção (consciência simultânea da direção geral do pensamento e da ligação lógica entre as proposições sucessivas). Todos os fenômenos psíquicos que não se encontram integrados nessa síntese mental, isto é, que se acham à margem do curso do pensamento principal, escapam à consciência. São elementos psíquicos que ficam isolados e ignorados do pensamento claro. 

Os atos que correspondem a esses elementos constituem as distrações; eles são inconscientes nesse momento, mas podem revelar-se à consciência por suas conseqüências. A intensidade da impressão não é como parece, o fator necessário e suficiente da consciência. Realmente, o fator intensidade é muito relativo. Tal fato exterior, que sobre um indivíduo produz impressão considerável, mal é percebido por outro, colocado, entretanto, nas mesmas condições externas, mas absorto em profunda reflexão. De outro ponto de vista, s intensidade é sempre mais ou menos relativa, pois depende dos interesses do momento. 

Depende também do hábito. Formas de consciência Consciência espontânea: é o conhecimento imediato que acompanha todos os fenômenos psicológicos. Poderia ser, por isso, melhor denominada consciência direta ou imediata, porque é a primeira impressão de nossos estados psíquicos. “Se não fosse essa consciência, todos esses estados nos iam ser estranhos, exatamente como os fenômenos da vida vegetativa. 

” A consciência espontânea é confusa e indistinta: é uma espécie de sentimento global da vida psicológica, pela qual esta nos é dada, sobretudo pela continuidade em seu fluir. Consciência refletida: é a volta deliberada do espírito sobre si mesmo, os fatos surgem bruscamente e se impõe ao nosso espírito. Na consciência refletida, nascem de uma elaboração, de uma reflexão mais ou menos prolongada. 

Podemos dizer que consciência refletida é a consciência de si mesma. Foulquié prefere distinguir, de um lado, a consciência imediata ou não-posicional, isto é, que não situa, não afirma nada, nem objeto, nem sujeito; de outro lado, a tomada de consciência ou consciência posicional, que situa ou afirma alguma coisa. Esta tomada de consciência é diretamente consciência do objeto. Nos seres capazes de reflexão, como o homem, ela se torna consciência de si mesma. 

Graus da consciência 

A consciência apresenta, vários graus de ou níveis de intensidade, clareza e concentração. Costuma-se destacar nela três zonas principais: a) a consciência propriamente dita que é a zona mais clara e intensa, chamada foco da consciência; b) o subconsciente, que é a zona parcialmente iluminada, marginal ou crepuscular da consciência; c) o inconsciente, que é a zona escura ou noturna da vida psíquica. 

Essas zonas não estão separadas, pelo contrário, acham-se unidas e em contínua integração. Todas dependem uma das outras. E a atividade sintética da consciência na sua função de adaptação ao real só consegue êxito graças à colaboração do subconsciente e do inconsciente. Entre essas zonas de maior ou menor intensidade da vida psíquica existem graus intermediários de consciência. A maioria admite a divisão clássica: consciência, subconsciente e inconsciente. Já os psicanalistas estabelecem outra divisão. Para Freud. A vida psíquica compreende três zonas: a do Ego, a do Superego e a do Id. O Ego compõe-se de elementos conscientes e pré-conscientes. 

O Superego é constituído pelo inconsciente recalcante; O Id., pelo inconsciente recalcado. Jung assinala na vida psíquica a consciência, o pré-consciente e o inconsciente. Mas divide este em inconsciente pessoal e inconsciente coletivo. Luís Juan Guerreio, a vida psíquica abrange três zonas: a) a zona propriamente consciente, onde se distinguem o foco da consciência e o campo marginal da consciência; b) a zona intermediária do umbral da consciência, que representa a consciência diminuída ou liminiar; c) a zona infraconsciente, que compreende a subconsciência ou consciência virtual, e a inconsciência ou consciência dissociada. 

Na realidade, a consciência é uma só com graus diversos de intensidade, clareza e concentração. É uma concepção espacial que não reflete, com fidelidade, a natureza unitária, global e dinâmica da vida psíquica.Essas zonas assinaladas pelos psicólogos só podem ser admitidas como hipóteses de trabalho para exprimir os diversos níveis da vida psíquica, em que a consciência se torna, cada vez menos clara, vivia e concentrada, à medida que os fenômenos psíquicos estão menos ligados às imagens pessoais do eu. 

Na mesma medida em que se desligam das imagens pessoais do eu., os fatos psíquicos tendem a transformar-se em puras virtualidades atualizam-se em razão e em proporção de sua relação com as imagens e os interesses pessoais do eu.Caracteres da consciência. A consciência possui os seguintes caracteres fundamentais: Dinamismo: os fatos de consciência se sucedem e se transformam, sem interrupção. Tonalidade: os fatos da consciência formam conjuntos unitários e coerentes. 

Estes conjuntos constituem diversos planos ou níveis de unificação. Os fatos da consciência forma estruturas complexas, inter-relacionadas, comparáveis a estratos superpostos, os processos de maior concentração mental determinam uma maior unidade consciente, enquanto que os processos psíquicos de menor tensão e maior dispersão se produzem num nível ou estrato inferior da consciência. 
Imediatismo: os fatos da consciência, em razão de serem a experiência que o sujeito tem de si mesmo, não admitem intermediário. 

Subjetividade: os fatos da consciência possuem sempre relação com um eu, são portanto, pessoais ao sujeito e, como tais, incomunicáveis e invioláveis. Esses fatos são incomunicáveis, invioláveis. É um mundo fechado. 
Intencionalidade: os fatos da consciência se referem sempre a algum objeto, isto é, tendem para alguma coisa. Daí o axioma fundamentalmente da femenologia: a consciência é sempre a consciência de alguma coisa e não dela mesma ou de seus estados. 

Prospecção: os fatos da consciência integram-se no comportamento do homem permanente é a adaptação ao meio e à realidade.Patologia da consciência. A consciência pode sofrer, em determinados casos, as seguintes alterações patológicas: 

Obnubilação: debilitação psíquica da convivência com diminuição se sua clareza e enfraquecimento da atividade intelectual. Nas intoxicações, nas infecções, nos estados demências, etc. 

Estado crepuscular: forma transitória de obnubilação, com alterações da percepção do mundo exterior. Observa-se na histeria, na epilepsia, nas psicoses tóxicas, etc. 

Onirismo: No sonho normal ou nos estados oníricos de certas psicoses, a consciência perde a tensão psíquica, dissocia-se, desintegra-se, torna-se incapaz de assegurar a síntese mental e é denominada pelas pulsões do inconsciente e do intestino. 

Coma: estado de sonolência e de torpor profundo acompanhado de suspensão, mais ou menos completa, da atividade psíquica, com perturbações da mortalidade e da sensibilidade.Função da consciência. A consciência constitui o instrumento de percepção do espírito pelo próprio espírito, órgão de adaptação da vida psíquica à realidade. 

Para o exército dessa dupla função, a consciência: a) por meio da atenção, escolhe, seleciona os fatos do mundo exterior ou interior; b) por meio da associação, reúnem os fatos em sínteses ou estruturas articuladas; c) por meio de hábito, assimila, isto é, integra no próprio seio os fatos escolhidos e associados; d) por meio do eu e da síntese e à ação. A consciência representa assim, o foco de convergência e de irradiação de toda a vida psicológica.



Concepção Racionalista e Concepção Empirista

A concepção racionalista

Concepção filosófica que afirma a razão como única faculdade de propiciar o conhecimento adequado da realidade. A razão, por iluminar o real e perceber as conexões e relações que o constituem, é a capacidade de apreender ou de ver as coisas em suas articulações ou interdependência em que se encontram umas com as outras. Ao partir do pressuposto de que o pensamento coincide com o ser, a filosofia ocidental, desde suas origens, percebe que há concordância entre a estrutura da razão e a estrutura análoga do real, pois, caso houvesse total desacordo entre a razão e a realidade, o real seria incognoscível e nada se poderia dizer a respeito. O racionalismo gnosiológico ou epistemológico é inseparável do racionalismo ontológico ou metafísico, que enfoca a questão do ser, pois o ser está implicado no pensamento do ser. Declarar que o real tem esta ou aquela estrutura implica em admitir, por parte da razão, enquanto faculdade cognitiva do ser humano, a capacidade de apreender o real e de revelar a sua estrutura. O conhecimento, ao se distinguir da produção e da criação de objetos, implica a possibilidade de reproduzir o real no pensamento, sem alterá-lo ou modificá-lo. Dois elementos marcariam o desenvolvimento da filosofia racionalista clássica no século XVII. De um lado, a confiança na capacidade do pensamento matemático, símbolo da autonomia da razão, para interpretar adequadamente o mundo; de outro, a necessidade de conferir ao conhecimento racional uma fundamentação metafísica que garantisse sua certeza. Ambas as questões conformaram a idéia basilar do Discurso sobre o método (1637) de Descartes, texto central do racionalismo tanto metafísico quanto epistemológico. Para Descartes, a realidade física coincide com o pensamento e pode ser traduzida por fórmulas e equações matemáticas. Descartes estava convicto também de que todo conhecimento procede de idéias inatas – postas na mente por Deus – que correspondem aos fundamentos racionais da realidade. A razão cartesiana, por julgar-se capaz de apreender a totalidade do real mediante "longas cadeias de razões", é a razão lógico-matemática e não a razão vital e, muito menos, a razão histórica e dialética. O racionalismo clássico ou metafísico, no entanto, cujos paradigmas seriam o citado Descartes, Spinoza e Leibniz, não se limitava a assinalar a primazia da razão como instrumento do saber, mas entendia a totalidade do real como estrutura racional criada por Deus, o qual era concebido como "grande geômetra do mundo". Spinoza é o mais radical dos cartesianos. Ao negar a diferença entre res cogitans – substância pensante – e res extensa – objetos corpóreos – e afirmar a existência de uma única substância estabeleceu um sistema metafísico aproximado do panteísmo. Reduziu as duas substâncias, res cogitans e res extensa, a uma só – da qual o pensamento e a extensão seriam atributos. 
Principais racionalistas modernos: Descartes, Leibniz, Pascal e Spinoza

A concepção empirista 

Sob uma perspectiva contrária, os empiristas britânicos refutaram a existência das idéias inatas e postularam que a mente é uma tabula rasa ou página em branco, cujo material provém da experiência. A oposição tradicional entre racionalismo e empirismo, no entanto, está longe de ser absoluta, pois filósofos empiristas como John Locke e, com maior dose de ceticismo, David Hume, embora insistissem em que todo conhecimento deve provir de uma "sensação", não negaram o papel da razão como organizadora dos dados dos sentidos. O próprio fato de haver toda esta controvérsia em torno da problemática suscitada por Descartes revela a importância crucial das teses racionalistas. O racionalismo cartesiano e o empirismo inglês desembocaram no Iluminismo do século XVIII. A razão e a experiência de que resulta o conhecimento científico do mundo e da sociedade bem como a possibilidade de transformá-los são instâncias em nome das quais se passou a criticar todos os valores do mundo medieval. A nova interpretação dada à teoria do conhecimento pelo filósofo alemão Immanuel Kant, ao desenvolver seu idealismo crítico, representou uma tentativa de superar a controvérsia entre as propostas racionalistas e empiristas extremas. Entendido como posição filosófica que sustenta a racionalidade do mundo natural e do mundo humano, o racionalismo corresponde a uma exigência fundamental da ciência: discursos lógicos, verificáveis, que pretendem apreender e enunciar a racionalidade ou inteligibilidade do real. Ao postular a identidade do pensamento e do ser, o racionalismo sustenta que a razão é a unidade não só do pensamento consigo mesmo, mas a unidade do mundo e do espírito, o fundamento substancial tanto da consciência quanto do exterior e da natureza, pressuposto que assegura a possibilidade do conhecimento e da ação humana coerente. Para além de seus possíveis elementos dogmáticos, a filosofia racionalista, ao ressaltar o problema da fundamentação do conhecimento como base da especulação filosófica, marcou os rumos do pensamento ocidental. 
As principais características do empirismo são:
1 – não há idéias inatas, nem conceitos abstratos; 
2 – o conhecimento se reduz a impressões sensíveis e a idéias definidas como cópias enfraquecidas das impressões sensoriais; 
3 – as qualidades sensíveis são subjetivas; 
4 – as relações entre as idéias reduzem-se a associações; 
5 – os primeiros princípios, e em particular o da causalidade, reduzem-se a associações de idéias convertidas e generalizadas sob forma de associações habituais; 
6 – o conhecimento é limitado aos fenômenos e toda a metafísica, conceituada em seus termos convencionais, é impossível. 
Principais filósofos empiristas: Francis Bacon, John Locke, Thomas Hobbes, George Berkeley e David Hume

  


Racionalismo e Empirismo

Racionalismo e Empirismo

 

Questão: 
Preciso que vocês me ajudem a encontrar alguma coisa sobre Empirismo e Racionalismo, desde a concepção ate os Ídolos. E quero que me ajudem tambem a saber o que é a dedução em Descartes? (Composição entre o método indutivo e dedutivo) 
inst: Universidade Federal do Ceara
nome: Raquel Marques
titulo: estudante

Racionalismo e Empirismo 

Estas duas correntes do pensamento ocidental determinaram a filosofia especialmente desde o início da modernidade. Na verdade, a discussão vai até a antiguidade com Platão e Aristóteles. Enquanto Aristóteles tinha um posição mais empirista, Platão foi bastante racionalista. Mas esta distinção é muito artificial se aplicada assim à Antiguidade. Como disse, a partir da modernidade, especialmente com o início da era da teoria do conhecimento, a distinção aparece de forma mais clara. O pai da modernindade, Descartes, também é o primeiro grande representante do racionalismo, seguido então por Leibniz. Enquanto os racionalistas se desenvolveram mais na Europa continental, os empiristas foram mais fortes na Inglaterra: Hume e Locke são os dois maiores expoentes deste lado. 

Bem, mas o que é Racionalismo e Empirismo? Esta é uma questão ampla, mesmo porque existe diferentes formas e variantes nos dois lados. O racionalismo de Descartes se distuingue muito do de Leibniz, o empirismo de Hume do de Locke. De grosso modo pode-se dizer: Enquanto o racionalismo afirma que a razão pura (a razão sem influência dos sentidos empíricos) é a maior (ou única) fonte do conhecimento, enquanto o empirismo, pelo contrário, afirma que todo nosso conhecimento é adquirido pelos sentidos empiricos (visão, audição, tato, etc.) 

Essa tensão foi o ponto de partida da filosofia de Kant, que tentou conciliar os dois lados. Mas isso tornou a filosofia kantiana cheia de tensões, que Hegel tenta levar às ultimas consequências no seu sistema dialético. Até a filosofia contemporânea bebeu das duas fontes: no empirismo lógico do círculo de Viena também se procurou conciliar as duas coisas: a lógica é dada imediatamente (inata) à razão, os dados, com os quais a razão lógica trabalha é, por outro lado, material obtido através dos sentidos. 

Boa sorte na sua pesquisa! 
Dr. phil Guido Imaguire 
11.5.2000


Fonte: http://www.filosofos.com.br/tema_racionalismoimpirismo.htm

Afinal, o que é conhecimento?

O objetivo deste artigo é construir com o leitor um breve entendimento, através da história, sobre a compreensão das influências de várias teorias do conhecimento estabelecendo parâmetros de avaliação, critérios de verdade, objetivação, metodologia e relação sujeito e objeto para os vários modos de conhecimentos diante da crise da razão que se instaurou no século XX e que há de se prolongar neste presente século, através dos desafios da construção de uma ética normativa compatível com as evoluções das descobertas e do conhecimento no campo científico.

Começamos por conceituar o conhecimento: Conhecimento é a relação que se estabelece entre sujeito que conhece ou deseja conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer.

Na Grécia Antiga temos várias visões e métodos de conhecimento:

Sócrates: Estabelecendo seus métodos: ironia e maiêutica.

Platão – Doxa – A ciência é baseada na Opinião

Aristóteles – Episteme – A ciência é baseada Observação (Experiência)

I – Teoria do Conhecimento na Antigüidade:

Podemos perceber que os Filósofos gregos deixaram algumas contribuições para a construção da noção de conhecimento:

a. Estabeleceram a diferença entre conhecimento sensível e conhecimento intelectual

b. Estabeleceram diferença entre aparência e essência.

c. Estabeleceram diferença entre opinião e saber

d. Estabeleceram regras da lógica pra se chegar à verdade

II -Teoria do Conhecimento na Idade Média:

1. Na Patrística – Temos a tendência da conciliação do pensamento cristão ao pensamento platônico, sendo seu grande expoente Santo Agostinho.

2. Na Escolásticas – Temos a anexação da Filosofia aristotélica ao pensamento cristão, com o estreitamento da relação Fé e razão, sendo seu grande expoente São Tomás de Aquino.

3. Nominalismo – Temos o final do domínio do Pensamento Medieval, com a separação da Filosofia da teologia através do esvaziamento dos conceitos. Sendo seus expoentes Duns Scotto e Guilherme de Oclkam.

III – Teoria do Conhecimento na Idade Moderna:

A primeira revolução Científica trouxe várias mudanças para o pensamento, dentre as quais podemos destacar a mudança da visão teocentrista (Deus é o centro do conhecimento), para visão antropocentrista (o homem é o centro do conhecimento).

1. O racionalismo de. René Descartes – O discurso do Método: A máxima do cartesianismo "Cogito ergo sun".

2. O empirismo:

a. John Lock – a experiência

b. David Hume – a Crença

3. O criticismo kantiano: O conhecimento a priori: Universal e necessário.

4. A herança iluminista: A razão.

III – Teoria do Conhecimento na Idade Contemporânea: A Crise da Razão.

O novo iluminismo de Habermas

A razão crítica precisa:

a. Fazer a crítica dos limites

b. Estabelecer princípios éticos

c. Vincular construção a raízes sociais.

CONCLUSÃO:

A construção do conhecimento fundado sobre o uso crítico da razão, vinculado a princípios éticos e a raízes sociais é tarefa que precisa ser retomada a cada momento, sem jamais ter fim.

O assunto é por demais amplo e muito bem discutido por vários filósofos. Nossa pretensão foi apensas de trazer uma reflexão através de um esboço sistemático da história do conhecimento.

Deixamos para apreciação através de uma análise analítica e crítica os principais modos de conhecer o mundo e suas formas de abordagens para se chegar ao conhecimento verdadeiro.

Modos de Conhecer o Mundo

Critérios de verdade

Objetivação

Metodologia

Relação sujeito-Objeto

1. O Mito

A Fé

Dogmatismo – Doutrinamento e Proselitismo

A experiência pessoal

Relação Suprapessoal, onde a Revelação do Sagrado se manifesta (revela) sobrenaturalmente ao profano através do rito (Dramatização do mito, ou seja, da liturgia religiosa).

2. A Filosofia

A razão

A razão discursiva.

A dialética

(O discurso)

Relação transpessoal onde a palavra diz as coisas. O mundo se manifesta pelos fenômenos e é dizível através do logos.

3. O Senso Comum

A cultura ética e moral

A Tradição cultural

As crenças silenciosas

(Ideologias)

Relação interpessoal, onde a ideologia estabelecida pelas idéias dominantes e pelos poderes estabelecidos.

4. A Arte

A estética

Esteticismo = A subjetividade do artista e do contemplador (observador) da arte.

O gosto

Relação pessoal, onde a criatividade e a percepção da realidade do autor e a interpretação e sensibilidade do observador.

5. A Ciência

A experimentação

Objetividade -Comprovação de uma determinada tese de modo objetivo

A observação

Relação "impessoal", A isenção do cientista diante de sua pesquisa: O mito da neutralidade científica.

© Copyright 2003 – Prof. Vanderlei de Barros Rosas – Professor de Filosofia e Teologia. Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Bacharel em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil; Pós-graduado em Missiologia pelo Centro Evangélico de Missões; Pós-graduado em educação religiosa pelo Instituto Batista de Educação religiosa.

Fonte: http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei22.htm

Teoria do conhecimento

INTRODUÇÃO

A necessidade de procurar explicar o mundo dando-lhe um sentido e descobrindo-lhe as leis ocultas é tão antiga como o próprio Homem, que tem recorrido para isso quer ao auxílio da magia, do mito e da religião, quer, mais recentemente, à contribuição da ciência e da tecnologia. Mas é sobretudo nos últimos séculos da nossa História, que se tem dado a importância crescente aos domínios do conhecimento e da ciência. E se é certo que a preocupação com este tipo de questões remonta já à Grécia antiga, é porém a partir do séc. XVIII que a palavra ciência adquire um sentido mais preciso e mais próximo daquele que hoje lhe damos. É também sobretudo a partir desta época que as implicações da atividade científica na nossa vida quotidiana se têm tornado tão evidentes, que não lhe podemos ficar indiferentes. O que é o conhecimento científico, como se adquire, o que temos implícito quando dizemos que conhecemos determinado assunto, em que consiste a prática científica, que relação existe entre o conhecimento científico e o mundo real, quais as conseqüências práticas e éticas das descobertas científicas, são alguns dos problemas com que nos deparamos frequentemente. Diante desses questionamentos, este trabalho pretende fazer um apanhado geral acerca da Teoria do Conhecimento, suas correntes e representantes, de modo que se torne mais fácil a sua compreensão.

CONCEITO

A teoria do conhecimento, se interessa pela investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as questões principais que ela tenta responder estão as seguintes. O que é o conhecimento? Como nós o alcançamos? Podemos conseguir meios para defendê-lo contra o desafio cético? Essas questões são, implicitamente, tão velhas quanto a filosofia. Mas, primordialmente na era moderna, a partir do século XVII em diante – como resultado do trabalho de Descartes (1596-1650) e Locke (1632-1704) em associação com a emergência da ciência moderna – é que ela tem ocupado um plano central na filosofia. Basicamente é conceituada como o estudo de assuntos que outras ciências não conseguem responder e se divide em quatro partes, sendo que três delas possuem correntes que tentam explica-las: I – O conhecimento como problema, II- Origem do Conhecimento e III- Essência do Conhecimento e IV – Possibilidade do Conhecimento.

PRINCIPAIS CORRENTES E SEUS REPRESENTANTES 

A)    O Conhecimento Quanto à Origem

A polêmica racionalismo-empirismo tem sido uma das mais persistentes ao longo da história da filosofia, e encontra eco ainda hoje em diversas posições de epistemólogos ou filósofos da ciência. Abundam, ao longo da linha constituída nos seus extremos pelo racionalismo e pelo empirismo radicais, as posições intermédias, as tentativas de conciliação e de superação, como veremos a seguir.

• Empirismo

“O empirismo pode ser definido como a asserção de que todo conhecimento sintético é baseado na experiência.” (Bertrand Russell).

Conceitua-se empirismo, como a corrente de pensamento que sustenta que a experiência sensorial é a origem única ou fundamental do conhecimento.

Originário da Grécia Antiga, o empirismo foi reformulado através do tempo na Idade Média e Moderna, assumindo várias manifestações e atitudes, tornando-se notável as distinções e divergências existentes. Porém, é notório que existem características fundamentais, sem as quais se perde a essência do empirismo e a qual, todos os autores conservam, que é a tese de que todo e qualquer conhecimento sintético haure sua origem na experiência e só é válido quando verificado por fatos metodicamente observados, ou se reduz a verdades já fundadas no processo de pesquisa dos dados do real, embora, sua validade lógica possa transcender o plano dos fatos observados.

Como já foi dito anteriormente, existe no empirismo divergência de pensamentos, e é exatamente esse aspecto que abordaremos a seguir. São três, as linhas empíricas, sendo elas: a integral, a moderada e a científica.

O empirismo integral reduz todos os conhecimentos – inclusive os matemáticos – à fonte empírica, àquilo que é produto de contato direto e imediato com a experiência. Quando a redução é feita à mera experiência sensível, temos o sensismo (ou sensualismo). É o caso de John Stuart Mill, que na obra Sistema da Lógica diz que todos os conhecimentos científicos resultam de processos indutivos, não constituindo exceção as verdades matemáticas, que seriam resultado de generalizações a partir de dados da experiência. Ele apresenta a indução como único método científico e afirma que nela resolvem-se tanto o silogismo quanto os axiomas matemáticos.

O empirismo moderado, também denominado genético-psicológico, explica que a origem temporal dos conhecimentos parte da experiência, mas não reduz a ela a validez do conhecimento, o qual pode ser não-empiricamente valido (como nos casos dos juízos analíticos). Uma das obras baseadas nessa linha é a de John Locke (Ensaios sobre o Entendimento Humano), na qual ele explica que as sensações são ponto de partida de tudo aquilo que se conhece. Todas as idéias são elaborações de elementos que os sentidos recebem em contato com a realidade.

Como já foi dito, para os moderados há verdades universalmente validas, como as matemáticas, cuja validez não assenta na experiência, e sim no pensamento. Na doutrina de Locke, existe a admissão de uma esfera de validade lógica a priori e, portanto não empírica, no que concerne aos juízos matemáticos.

Por fim, há o empirismo científico, que admite como válido, o conhecimento oriundo da experiência ou verificado experimentalmente, atribuindo aos juízos analíticos significações de ordem formal enquadradas no domínio das fórmulas lógicas. Esta tendência está longe de alcançar a almejada “unanimidade cientifica”.

 
• Racionalismo

É a corrente que assevera o papel preponderante da razão no processo cognoscitivo, pois, os fatos não são fontes de todos os conhecimentos e não nos oferecem condições de “certeza”.

Um dos grandes representantes do racionalismo, Gottfried Leibniz, afirma em sua obra Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano, que nem todas as verdades são verdades de fato; ao lado delas, existem as verdades de razão, que são aquelas inerentes ao próprio pensamento humano e dotadas de universalidade e certeza (como por exemplo, os princípios de identidade e de razão suficiente), enquanto as verdades de fato são contingentes e particulares, implicando sempre a possibilidade de correção, sendo válidas dentro de limites determinados.

Ainda retratando o pensamento racionalista, encontramos Reneé Descartes, adepto do inatismo, que afirma que somos todos possuidores, enquanto seres pensantes, de uma série de princípios evidentes, idéias natas, que servem de fundamento lógico a todos os elementos com que nos enriquecem a percepção e a representação, ou seja, para ele, o racionalismo se preocupa com a idéia fundante que a razão por si mesma logra atingir.

Esses dois pensadores podem ser classificados como representantes do racionalismo ontológico, que consiste em entender a realidade como racional, ou em racionalizar o real, de maneira que a explicação conceitual mais simples, se tenha em conta da mais simples e segura explicação da realidade.

Existe também uma outra linha racionalista, originada de Aristóteles, denominada intelectualismo, que reconhece a existência de “verdades de razão” e, além disso, atribui à inteligência função positiva no ato de conhecer, ou seja, a razão não contém em si mesma, verdades universais como idéias natas, mas as atinge à vista dos fatos particulares que o intelecto coordena. Concluindo: o intelecto extrai os conceitos ínsitos no real, operando sobre as imagens que o real oferece.

Hessen, um dos adeptos do intelectualismo, lembra que há nele uma concepção metafísica da realidade como condição de sua gnoseologia, que é conceber a realidade como algo de racional, contendo no particularismo contingente de seus elementos, as verdades universais que o intelecto “lê” e “extrai”, realizando-se uma adequação plena entre o entendimento e a realidade, no que esta tem de essencial.

Por fim, devemos citar uma ramificação do racionalismo que alguns autores consideram autônoma, que é o Criticismo.

O criticismo é o estudo metódico prévio do ato de conhecer e dos modos de conhecimento, ou seja, uma disposição metódica do espírito no sentido de situar, preliminarmente o problema do conhecimento em função da relação “sujeito-objeto”, indagando as suas condições e pressupostos. Ele aceita e recusa certas afirmações do empirismo e racionalismo, por isso, muitos autores acreditam em sua autonomia. Entretanto, devemos entender tal posição como uma análise crítica e profunda dos pressupostos do conhecimento.

Seu maior representante, Immanuel Kant, tem como marca a determinação a priori das condições lógicas das ciências. Ele declara que o conhecimento não pode prescindir da experiência, a qual fornece o material cognoscível e nesse ponto coincide com o empirismo. Porém, sustenta também que o conhecimento de base empírica não pode prescindir de elementos racionais, tanto que só adquire validade universal quando os dados sensoriais são ordenados pela razão. Segundo palavras do próprio autor, “os conceitos sem as intuições são vazios; as intuições sem os conceitos são cegas”.

Para ele, o conhecimento é sempre uma subordinação do real à medida do humano.

Conclui-se então, que pela ótica do criticismo, o conhecimento implica sempre numa contribuição positiva e construtora por parte do sujeito cognoscente em razão de algo que está no espírito, anteriormente à experiência do ponto de vista gnosiológico. 

 
B)    O Conhecimento Quanto à Essência

Nessa parte do estudo, analisaremos o ponto da Teoria do Conhecimento em que há mais divergências, sendo estas fundamentais pra o pleno conhecimento do assunto, que é o realismo e o idealismo.

 
• Realismo

Sabendo que a palavra realismo vem do latim res (coisa), podemos conceituar essa corrente como a orientação ou atitude espiritual que implica uma preeminência do objeto, dada a sua afirmação fundamental de que nós conhecemos coisas. Em outras palavras, é a independência ontológica da realidade, ou seja, o sujeito em função do objeto.

O realismo é subdividido em três espécies. O realismo ingênuo, o tradicional e o crítico.

O realismo ingênuo, também conhecido como pré-filosófico, é aquele em que o homem aceita a identidade de seu conhecimento com as coisas que sua mente menciona, sem formular qualquer questionamento a respeito de tal coisa. É a atitude do homem comum, que conhece as coisas e as concebem tais e quais aparecem.

Já o realismo tradicional é aquele em que há uma indagação a respeito dos fundamentos, há uma procura em demonstrar se as teses são verdadeiras, surgindo uma atitude propriamente filosófica, seguindo a linha aristotélica.

Por último, podemos citar o realismo cientifico, que é a linha do realismo que acentua a verificação de seus pressupostos concluindo pela funcionalidade sujeito-objeto e distinguindo as camadas conhecíveis do real como a participação – não apenas criadora –  do espírito no processo gnosiológico. Para os seguidores desse pensamento, conhecer é sempre conhecer algo posto fora de nós, mas que, se há conhecimento de algo, não nos é possível verificar se o objeto – que nossa subjetividade compreende – corresponde ou não ao objeto tal qual é em si mesmo.

Há portanto, no realismo, uma tese ou doutrina fundamental de que existe uma correlação ou uma adequação da inteligência a “algo” como objeto do conhecimento, de maneira que nós conhecemos quando a nossa sensibilidade e inteligência se conformam a algo de exterior a nós. De acordo com o modo de compreender-se essa “referibilidade a algo”, bifurca-se o realismo em tradicional e o crítico, que são as duas linhas pertinentes à filosofia.

 
• Idealismo

Surgiu na Grécia Antiga com Platão, denominado de idealismo transcendente, onde as idéias ou arquétipos ideais representam a realidade verdadeira, da qual seriam as realidades sensíveis, meras copias imperfeitas, sem validade em si mesmas, mas sim enquanto participam do ser essencial. O idealismo de Platão reduz o real ao ideal, resolvendo o ser em idéia, pois como ele já dizia, as idéias são o sol que ilumina e torna visíveis as coisas.

Alguns autores entendem que a doutrina platônica poderia ser vista como uma forma de realismo, pois para eles, o idealismo “verdadeiro” é aquele desenvolvido a partir de Descartes.

O que interessa à Teoria do Conhecimento, é o idealismo imanentista, que afirma que as coisas não existem por si mesmas, mas na medida e enquanto são representadas ou pensadas, de maneira que só se conhece aquilo que se insere no domínio de nosso espírito e não as coisas como tais, ou seja, há uma tendência a subordinar tudo à formas espirituais ou esquemas. No idealismo, que é a compreensão do real como idealidade (o que equivale dizer a realidade como espírito), o homem cria um objeto com os elementos de sua subjetividade, sem que algo preexista ao objeto (no sentindo gnosiológico).

Sintetizando, o idealismo é a doutrina ou corrente de pensamento que subordina ou reduz o conhecimento à representação ou ao processo do pensamento mesmo, por entender que a verdade das coisas está menos nelas do que em nós, em nossa consciência ou em nossa mente, no fato de serem “percebidas” ou “pensadas”.

Dentro dessa concepção existem duas orientações idealistas. Uma é a do idealismo psicológico ou conscienciológico, onde o que se conhece não são as coisas e sim a imagem delas. Podemos conceituá-lo como aquele em que a realidade é cognoscível se e enquanto se projeta no plano da consciência, revelando-se como momento ou conteúdo de nossa vida interior. Também chamado de idealismo subjetivo, este diz que o homem não conhece as coisas, e sim a representação que a nossa consciência forma em razão delas. Seus representantes são Hume, Locke e Berkeley.

A outra é a orientação idealista de natureza lógica, que parte da afirmação de que só conhecemos o que se converte em pensamento, ou é conteúdo de pensamento. Ou seja, o ser não é outra coisa senão idéia.

Seu maior representante, Hegel, diz em uma de suas obras que nós só conhecemos aquilo que elevamos ao plano do pensamento, de maneira que só há realidade como realidade espiritual.

Resumindo: na atitude psicológica, ser é ser percebido e na atitude lógica, ser é ser pensado.

 
C)    Possibilidade do Conhecimento

Essa parte da teoria do conhecimento é responsável por solucionar a seguinte questão: qual a possibilidade do conhecimento?

Para que seja possível respondê-la, muitos autores recorrem a duas importantes posições: o dogmatismo e o ceticismo, os quais veremos abaixo.

 
• Dogmatismo

É a corrente que se julga em condições de afirmar a possibilidade de conhecer verdades universais quanto ao ser, à existência e à conduta, transcendendo o campo das puras relações fenomenais e sem limites impostos a priori à razão.

Existem duas espécies de dogmatismo: o total e o parcial.

O primeiro é aquele em que a afirmação da possibilidade de se alcançar a verdade ultima é feita tanto no plano da especulação, quanto no da vida pratica ou da Ética. Esse dogmatismo intransigente, quase não é adotado, devido à rigorosidade de adequação do pensamento. Porém, encontramos em Hegel a expressão máxima desse tipo de dogmatismo, pois, existe em suas obras uma identificação absoluta entre pensamento e realidade. Como o próprio autor diz “o pensamento, na medida em que é, é a coisa em si, e a coisa em si, na medida em que é, é o pensamento puro”.

Já o parcial, adotado em maior extensão, tem um sentido mais atenuado, na intenção de afirmar-se a possibilidade de se atingir o absoluto em dadas circunstâncias e modos quando não sob certo prisma. Ou seja, é a crença no poder da razão ou da intuição como instrumentos de acesso ao real em si.

Alguns dogmáticos parciais se julgam aptos para afirmar a verdade absoluta no plano da ação. Entretanto, outros somente admitem tais verdades no plano especulativo. Daí origina-se a distinção entre dogmatismo teórico e dogmatismo ético.

O dogmatismo ético tem como adeptos Hume e Kant, que duvidavam da possibilidade de atingir as verdades últimas enquanto sujeito pensante (homo theoreticus) e afirmavam as razões primordiais de agir, estabelecendo as bases de sua Ética ou de sua Moral.

Por conseguinte, temos como adepto do dogmatismo teórico, Blaise Pascal, que não duvidava de seus cálculos matemáticos e da exatidão das ciências enquanto ciências, mas era assaltado por duvidas no plano do agir ou da conduta humana.

 
• Ceticismo

 Consiste numa atitude dubitativa ou uma provisoriedade constante, mesmo a respeito de opiniões emitidas no âmbito das relações empíricas. Essa atitude nunca é abandonada pelo ceticismo, mesmo quando são enunciados juízos sobre algo de maneira provisória, sujeitos a refutação à luz de sucessivos testes.

Ou seja, o ceticismo se distingue das outras correntes por causa de sua posição de reserva e de desconfiança em relação às coisas.

Há no ceticismo – assim como no dogmatismo – uma distinção entre absoluto e parcial, ressaltando que este último não será discutido nesse trabalho.

O ceticismo absoluto é oriundo da Grécia e também denominado pirronismo. Prega a necessidade da suspensão do juízo, dada a impossibilidade de qualquer conhecimento certo. Ele envolve tanto as verdades metafísicas (da realidade em si mesma), quanto as relativas ao fundo dos fenômenos. Segundo essa corrente, o homem não pode pretender nenhum conhecimento por não haver adequação possível entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido. Ou seja, para os céticos absolutos, não há outra solução para o homem senão a atitude de não formular problemas, dada a equivalência fatal de todas as respostas.

Um dos representantes do ceticismo de maior destaque na filosofia moderna é Augusto Comte.

CONCLUSÃO

Esse trabalho buscou de forma concisa reunir informações gerais acerca da Teoria do Conhecimento, baseando-se na visão de Miguel Reale, reunindo conceitos e origem de algumas correntes, seus objetivos e representantes.

BIBLIOGRAFIA

Reale,Miguel, Introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 65-76;85-89; 119-123.

Autoria: Érika Batista Santos

O conhecimento e os primeiros filósofos

1- Origem do pensamento racional


O pensamento racional (que no século V a.C. passou se chamar Filosofia) tem data e local de nascimento: surge na Grécia no século VII a.C tendo como fundador Tales de Mileto, cujas principais indagações eram sobre o surgimento do mundo (cosmologia) e o "que é o ser?" (ontologia).

Os primeiros filósofos, chamados pré-socráticos (pois viveram antes de Sócrates), não tinham como preocupação principal o conhecimento enquanto conhecimento. 

Assim, não indagavam se podemos ou não conhecer o Ser.

Simplesmente partiam da pressuposição de que o podemos conhecer, pois a verdade, sendoaletheia, isto é, presença e manifestação das coisas para os nossos sentidos e para o nosso pensamento, significa que o Ser está manifesto e presente para nós e, portanto, nós o podemos conhecer.


lguns exemplos indicam a existência da preocupação dos primeiros filósofos com o conhecimento e, aqui, tomaremos três: 

  • Heráclito de Éfeso,
  • Parmênides de Eléia e
  • Demócrito de Abdera.
  • Heráclito de Éfeso, o filósofo pré-socrático do devir (vir a ser; tornar-se), considerava a Natureza (o mundo, a realidade) como um "fluxo perpétuo", o escoamento contínuo dos seres em mudança perpétua. 

    Dizia: "Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque as águas nunca são as mesmas e nós nunca somos os mesmos". 


    Parmênides de Eléia, conhecido como fundador da Metafísica (o estudo do ser, ontologia), colocava-se na posição oposta à de Heráclito. 

    Dizia que só podemos pensar sobre aquilo que permanece sempre idêntico a si mesmo, isto é, o pensamento não pode pensar sobre as coisas que são e não são, que ora são de um modo e ora são de outro, que são contrárias a si mesmas e contraditórias. 

    O ser é, o não-ser não é.


    Demócrito de Abdera desenvolveu uma teoria sobre o Ser ou sobre a Natureza conhecida com o nome de atomismo: a realidade é constituída por átomos. 

    A palavra átomo tem origem grega e significa: o que não pode ser cortado ou dividido, isto é, a menor partícula indivisível de todas as coisas. 

    Os seres surgem por composição dos átomos, transformam-se por novos arranjos dos átomos e morrem por separação dos átomos.


    Esses três exemplos nos mostram que, desde os seus começos, a Filosofia preocupou-se com o problema do conhecimento, pois sempre esteve voltada para a questão do verdadeiro. 

    Desde o início, os filósofos se deram conta de que nosso pensamento parece seguir certas leis ou regras para conhecer as coisas e que há uma diferença entre perceber e pensar. 

  • Pensamos a partir do que percebemos ou pensamos negando o que percebemos?
  • O pensamento continua, nega ou corrige a percepção?
  • O modo como os seres nos aparecem é o modo como os seres realmente são?
  • Sócrates e os sofistas


    Preocupações como essas levaram, na Grécia clássica, a duas atitudes filosóficas: a dos sofistas e a de Sócrates. 

    Com eles, os problemas do conhecimento tornaram-se centrais.

    Os sofistas, diante diversidades de teorias sobre o Ser, ou dos conflitos entre as várias ontologias, concluíram que não podemos conhecer o Ser, mas só podemos ter opiniões subjetivas sobre a realidade.

    Por isso, para se relacionarem com o mundo e com os outros humanos, os homens devem valer-se de um outro instrumento – a linguagem – para persuadir os outros de suas próprias idéias e opiniões. 

    A verdade é uma questão de opinião e de persuasão, e a linguagem é mais importante do que a percepção e o pensamento.


    Em contrapartida, Sócrates, distanciando-se dos primeiros filósofos e opondo-se aos sofistas, afirmava que a verdade pode ser conhecida, mas primeiro devemos afastar as ilusões dos sentidos e as das palavras ou das opiniões e alcançar a verdade apenas pelo pensamento. 

    Os sentidos nos dão as aparências das coisas e as palavras, meras opiniões sobre elas. Conhecer é passar da aparência à essência, da opinião ao conceito, do ponto de vista individual à idéia universal de cada um dos seres e de cada um dos valores da vida moral e política.

    Sócrates fez a Filosofia preocupar-se com nossa possibilidade de conhecer e indagar quais as causas das ilusões, dos erros e da mentira. 


    Platão e Aristóteles

    No esforço para definir as formas de conhecer e as diferenças entre o conhecimento verdadeiro e a ilusão, Platão e Aristóteles introduziram na Filosofia a idéia de que existem diferentes maneiras de conhecer ou graus de conhecimento e que esses graus se distinguem pela ausência ou presença do verdadeiro, pela ausência ou presença do falso.

    Platão distingue quatro formas ou graus de conhecimento, que vão do grau inferior ao superior: crença, opinião, raciocínio e intuição intelectual. 

    Para ele, os dois primeiros graus (crença e opinião) devem ser afastados da Filosofia – são conhecimentos ilusórios ou das aparências, como os dos prisioneiros da caverna (mundo do sensível, as aparências – crenças e opiniões) – e somente os dois últimos (raciocínio e intuição intelectual) devem ser considerados válidos (o mundo das idéias é o mundo do "eternamente verdadeiro", "eternamente belo" e "eternamente bom" e é distinto do mundo sensível no qual vivemos).


    Platão diferencia e separa radicalmente duas formas de conhecimento: o conhecimento sensível(crença e opinião) e o conhecimento intelectual (raciocínio e intuição) afirmando que somente o segundo alcança o Ser e a verdade. 

    O conhecimento sensível alcança a mera aparência das coisas, enquanto o conhecimento intelectual alcança a essência das coisas, as idéias.


    Aristóteles distingue sete formas ou graus de conhecimento: 

  • sensação,
  • percepção,
  • imaginação,
  • memória,
  • linguagem;
  • raciocínio e
  • intuição.
  • Para ele, ao contrário de Platão, nosso conhecimento vai sendo formado e enriquecido por acumulação das informações trazidas por todos os graus, de modo que, em lugar de uma ruptura entre o conhecimento sensível e o intelectual, Aristóteles estabelece uma continuidade entre eles.


    Princípios Gerais:

    Com os filósofos gregos, estabeleceram-se alguns princípios gerais do conhecimento verdadeiro:

  • as fontes e as formas do conhecimento: sensação, percepção, imaginação, memória, linguagem, raciocínio e intuição intelectual;
  • a distinção entre o conhecimento sensível e o conhecimento intelectual;
  • o papel da linguagem no conhecimento;
  • a diferença entre opinião e saber;
  • a diferença entre aparência e essência;
  • a definição dos princípios do pensamento verdadeiro (identidade, não contradição, terceiro excluído, causalidade), da forma do conhecimento verdadeiro (idéias, conceitos e juízos) e dos procedimentos para alcançar o conhecimento verdadeiro (indução, dedução, intuição).
  • Para os gregos, a realidade é a Natureza e dela fazem parte os humanos e as instituições humanas. 

    Por sua participação na Natureza, os humanos podem conhecê-la, pois são feitos dos mesmos elementos que ela e participam da mesma inteligência que a habita e dirige.



    Tudo se transforma no seu contrário, a luta dos contrários, pois "nada permanece idêntico a si mesmo", ou seja, a physis (natureza) é a luta dos contrários.

    Conhecimento

     Conhecimento: tipos e níveis

                                                                                                       Prof. Msc.Joel Irineu Lohn

     

    1 – Aspectos históricos

          A evolução humana corresponde ao desenvolvimento de sua inteligência. Sendo assim podemos definir níveis de desenvolvimento dos seres humanos desde o surgimento dos primeiros hominídeos. Os seres humanos pré-históricos não conseguiam entender os fenômenos da natureza. Por este motivo, suas reações eram sempre de medo: tinham medo das tempestades e do desconhecido. Como não conseguiam compreender o que se passava diante deles, não lhes restava outra alternativa senão o medo e o espanto daquilo que presenciavam.      

     Num segundo momento, a inteligência humana evoluiu do medo para a tentativa de explicação dos fenômenos através do pensamento mágico, das crenças e das superstições. Era, sem dúvida, uma evolução já que tentavam explicar o que viam. Assim, as tempestades podiam ser fruto de uma ira divina, a boa colheita da benevolência dos mitos, as desgraças ou as fortunas eram explicadas através da troca do humano com o mágico. 

          

    Como as explicações mágicas não bastavam para compreender os fenômenos os seres humanos finalmente evoluíram para a busca de respostas através de caminhos que pudessem ser comprovados. Desta forma nasceu a ciência metódica, que procura sempre uma aproximação com a lógica.

    O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de pensar. Esta característica permite que os seres humanos sejam capazes de refletir sobre o significado de suas próprias experiências. Assim sendo, é capaz de novas descobertas e de transmiti-las a seus descendentes.

    O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado à sua característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido a outro, que, por sua vez, aproveita-se deste saber para somar outro. Assim evolui a ciência.

     2 – O Conhecimento

      Entre todos os animais nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento. Somos os únicos capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar nossas próprias experiências e passar para outros seres humanos. Essa característica é o que nos permite dizer que somos diferentes dos patos, dos macacos e dos leões.

    Ao criarmos este sistema de símbolos, através da evolução da espécie humana, permitimo-nos também ao pensar e, por conseqüência, a ordenação e a previsão dos fenômenos que nos cerca.

     Os egípcios já tinham desenvolvido um saber técnico evoluído, principalmente nas áreas de matemática, geometria e na medicina, mas os gregos foram provavelmente os primeiros a buscar o saber que não tivesse, necessariamente, uma relação com atividade de utilização prática.

     

                     O conhecimento histórico dos seres humanos sempre teve uma forte influência de crenças e dogmas religiosos. Mas, na Idade Média, a Igreja Católica serviu de marco referencial para praticamente todas as idéias discutidas na época.

     Foi no período do Renascimento, aproximadamente entre o séculos XV e XVI (anos 1400 e 1500) que, segundo alguns historiadores, os seres humanos retomaram o prazer de pensar e produzir o conhecimento através das idéias. Neste período as artes, de uma forma geral, tomaram um impulso significativo. Neste período Michelangelo Buonarrote esculpiu a estátua de David e pintou o teto da Capela Sistina, na Itália; Thomas Morus escreveu A Utopia (utopia é um termo que deriva do grego onde u = não + topos = lugar e quer dizer em nenhum lugar); Tomaso Campanella escreveu a A Cidade do Sol; Francis Bacon, a A Nova Atlântica; Voltaire, a Micrômegas, caracterizando um pensamento não descritivo da realidade, mas criador de uma realidade ideal, do dever ser.

     No século XVII e XVIII (anos 1600 e 1700) a burguesia assumiu uma característica própria de pensamento, tendendo para um processo que tivesse imediata utilização prática. Com isso surgiu o Iluminismo, corrente filosófica que propôs "a luz da razão sobre as trevas dos dogmas religiosos". O pensador René Descartes mostrou ser a razão a essência dos seres humanos, surgindo a frase "penso, logo existo". No aspecto político o movimento Iluminista expressou-se pela necessidade do povo escolher seus governantes através de livre escolha da vontade popular. Lembremo-nos de que foi neste período que ocorreu a Revolução Francesa em 1789.

     O Método Científico surgiu como uma tentativa de organizar o pensamento para se chegar ao meio mais adequado de conhecer e controlar a natureza. Já no fim do período do Renascimento, Francis Bacon pregava o método indutivo como meio de se produzir o conhecimento. Este método entendia o conhecimento como resultado de experimentações contínuas e do aprofundamento do conhecimento empírico. Por outro lado, através de seu Discurso sobre o método, René Descartes defendeu o método dedutivo como aquele que possibilitaria a aquisição do conhecimento através da elaboração lógica de hipóteses e a busca de sua confirmação ou negação.

     A Igreja e o pensamento mágico cederam lugar a um processo denominado, por alguns historiadores, de "laicização da sociedade". Se a Igreja trazia até o fim da Idade Média a hegemonia dos estudos e da explicação dos fenômenos relacionados à vida, a ciência tomou a frente deste processo, fazendo da Igreja e do pensamento religioso razão de ser dos estudos científicos.

     No século XIX (anos 1800) a ciência passou a ter uma importância fundamental. Parecia que tudo só tinha explicação através da ciência. Como se o que não fosse científico não correspondesse a verdade. Se Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno, entre outros, foram perseguidos pela Igreja, em função de suas idéias sobre as coisas do mundo, o século XIX serviu como referência de desenvolvimento do conhecimento científico em todas as áreas: na sociologia Augusto Comte desenvolveu sua explicação de sociedade, criando o Positivismo, vindo logo após outros pensadores: na Economia, Karl Marx procurou explicar a relações sociais através das questões econômicas, resultando no Materialismo-Dialético; Charles Darwin revolucionou a Antropologia, e feriu os dogmas sacralizados pela religião, com a Teoria da Hereditariedade das Espécies ou Teoria da Evolução. A ciência passou a assumir uma posição quase que religiosa diante das explicações dos fenômenos sociais, biológicos, antropológicos, físicos e naturais.

     3 – A busca de uma definição para Ciência

    A proposta de definir ciência é uma das missões mais ingratas. Trata-se do exercício de definição de um conceito que acaba variando consideravelmente, dependendo da formação daquele que o realiza, de sua visão de mundo, das intenções do texto e de seu público-alvo. Enquanto um filósofo pode classificar a ciência como uma dentre várias formas de conhecimento, para um cientista ela pode ser considerada o conhecimento por excelência. Para aqueles que se opõem aos progressos advindos da industrialização, a ciência é o terror da humanidade, responsável inclusive por nossa provável autodestruição. Um sociólogo, por sua vez, pode estudar a ciência como o resultado de forças socioeconômicas conflitantes, abordando os aspectos ideológicos que a constituem e envolvem. Já um leigo encara, em geral, muitos ramos da ciência como um bicho-de-sete,cabeças. E assim por diante.

    Pode-se colocar em dúvida a existência de um conjunto de atividades homogêneas o suficiente que justifiquem a classificação sob a égide de um só conceito: a Ciência. O mais adequado seria, portanto, utilizarmos o termo no plural: existem várias ciências, com alguns pontos em comum, mas muitas diferenças. O que torna as diversas disciplinas científicas distintas seria mais intenso e valioso do que, supostamente, funcionaria como elemento para a ligação e união dessas disciplinas num conjunto mais amplo, que pudesse ser denominado "ciência".

    É necessário então, tentar abdicar dos esforços para a pura definição conceitual e propomos quatro caminhos tangenciais, com a intenção de penetrar pouco a pouco no universo das ciências.

    Inicialmente, podemos utilizar o recurso da negação, ou seja, definir o que em geral não é considerado parte das ciências. Isso pode se realizar por meio do que se convencionou chamar de "níveis de conhecimento": ciência não é senso comum, ciência não é religião, ciência não é filosofia.

    Posteriormente, podemos obter resultados interessantes adotando um ponto de vista diacrônico, traçando um panorama histórico das ciências. A ciência pode ser vista como um processo sempre em desenvolvimento, um conhecimento nunca pronto mas sempre inacabado, em contínua elaboração, ampliação e revisão. Nesse sentido, a perspectiva diacrônica pode nos fornecer  “insights” sobre o universo científico.

    Pode-se, ainda, numa perspectiva sincrônica, abordar diferentes tentativas de divisão e classificação das ciências, tal como elas se impõem na modernidade, procurando assim responder questões do tipo: como podemos separar e agrupar as ciências? Quais critérios devemos utilizar? O que aproxima e diferencia os diversos discursos e as diversas práticas científicas, hoje em dia?

    Por fim, já no campo de atuação próprio das ciências, pode-se abordar a diversidade dos métodos científicos. Existe uma variedade tão grande desses métodos nas ciências modernas, que se justifica o exercício de estudá-los e diferenciá-los.

     4 – Os níveis de conhecimento

             A tradicional divisão dos níveis de conhecimento mostra-se, a um exame mais acurado, extremamente frágil. Os limites entre os quatro níveis não são claros, e pode-se até questionar o porquê da não-inclusão, por exemplo, das artes como uma forma de conhecimento. Não seria o romance uma forma de mídia para a transmissão de um certo tipo de conhecimento? Além disso, não se estabelece espaço, nessa divisão, para agrupar (e por conseqüência explicar) as chamadas pseudociências, tais como a paranormalidade e a astrologia. E poderíamos ainda perguntar: onde se classificam as ciências humanas? Entre os conhecimentos científicos? Filosóficos? Ou fora do conjunto dos conhecimentos?

    Essa divisão, portanto, não deve ser tomada a ferro e fogo. De qualquer forma, como os níveis de conhecimento constituem-se em tema recorrente nos textos sobre metodologia, pode-se aproveitá-los para algumas breves reflexões.

     4.1. Conhecimento popular ou empírico

             Também denominado bom senso ou senso comum, é aquele que todo ser humano desenvolve, no contato direto e diário com a realidade. Todo ser humano comum bem informado é lógico nos seus arrazoados. Conhece muito sobre o mundo em que vive. Como tal fornece aos outros  “receitas infalíveis, conselhos e informações preciosas”. As mulheres que já tiveram filhos dão consultas gratuitas para as principiantes que lutam contra os problemas do primeiro filho. Quando alguém está com  dor-de-cabeça, sempre aparece um “especialista” que conhece um comprimido eficaz, que alivia a dor rapidamente. Mas, ignora a composição do medicamento, a natureza da dor e a forma de atuação do medicamento. Este tipo de conhecimento, superficial, por informação ou experiência casual, recebe o nome de conhecimento vulgar ou empírico.

    Sobre o conhecimento vulgar podemos dizer ainda que é comum e possível a todo ser humano, de qualquer nível cultural.  Não questiona, não analisa, não exige demonstração, é ocasional e assistemático. Vale dizer que o conhecimento vulgar atinge as coisas, enquanto o conhecimento científico estuda sua constituição íntima e suas causas.

     Estrutura-se como um conjunto de crenças e opiniões, utilizadas em geral para objetivos práticos. É basicamente desenvolvido por meio dos sentidos, e não tem intenção de ser profundo, sistemático e/ou infalível.

     

     4.2. Conhecimento religioso ou teológico

                 O fundamento do conhecimento religioso é a fé. Não é preciso ver para crer, e a crença ocorre mesmo que as evidências apontem no sentido contrário. As verdades religiosas são registradas em livros sagrados ou são reveladas por seres espirituais, por meio de alguns iluminados, santos ou profetas. Essas verdades são quase sempre definitivas e não permitem revisões mediante reflexão ou experimentos. Portanto o conhecimento religioso é um conhecimento mítico, dogmático ou ainda espiritual.

     

    4.3. Conhecimento filosófico

                A Filosofia surge como um saber que procura diferenciar-se dos mitos, das retóricas e dos sofistas, das tragédias e dos poetas, e a partir de então se estabelece por séculos como um espaço de liberdade de pensamento, desafiando a lei de que o conhecimento pode tornar-se ultrapassado ou superado com o passar do tempo, com novas experiências ou com o surgimento de novos instrumentos de observação. A Filosofia é a ciência mãe, da qual  foram, pouco a pouco, separando-se formas de pensar e métodos que mais tarde se especializaram e se tornaram independentes, e que hoje consideramos ciência. Mesmo assim, ainda hoje, é difícil estabelecer contornos que separam o conhecimento filosófico de outros tipos de conhecimento.

     

    4.4 Conhecimento científico

    Diferentemente do conhecimento vulgar, o conhecimento científico não atinge simplesmente os fenômenos na sua manifestação global, mas os atinge em suas causas, na sua constituição íntima, caracterizando-se, desta forma, pela capacidade de analisar, de explicar, de desdobrar, de justificar, de induzir ou aplicar leis, de predizer com segurança eventos futuros.

     A ciência é fruto da tendência humana para procurar explicações  válidas, para questionar e exigir respostas  e justificações convincentes. Este dinamismo questionador peculiar ao espírito humano já se manifesta na primeira infância, quando criança multiplica suas indagações sobre as coisas, chegando mesmo a embaraçar os adultos.  Felizmente ou infelizmente, as crianças acabam aceitando respostas incompletas e imperfeitas.

     Conhecimento científico é expressão que lembra laboratório, instrumental de pesquisa, trabalho programado, metódico, sistemático e não faz associações com inspiração mística ou artística, religiosa ou poética. A expressão conhecimento científico evidencia o caráter de autoridade, de respeitabilidade, que falta aoconhecimento vulgar.  

    O conhecimento científico é privilégio  de especialistas das diversas áreas das ciências. É um processo sistemático, metódico, orgânico, crítico, rigoroso e objetivo. Nasce da dúvida e se consolida na certeza das leis demonstradas, válidas para todos os casos de mesma espécie que venham a ocorrer nas mesmas condições.

     O conhecimento científico é obtido a partir de um conjunto de processos determinados pelo homem, como tal, é passível de interpretações incompletas ou não consistentes por muito tempo. A única certeza, é a de que, todo conhecimento científico é precário e pode ser reformulado e reinterpretado a qualquer tempo.

     Fonte: http://lohn.no.sapo.pt/metpesquisa01.htm

    Tipos de conhecimento humano

    OS TIPOS DE CONHECIMENTO HUMANO

     

    No processo de apreensão da realidade do objeto, o
    sujeito cognoscente pode penetrar em todas as esferas do conhecimento: ao
    estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre a sua
    atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se
    analisá-lo como um ser biológico, verificando através de investigação
    experimental, as relações existentes entre determinados orgãos e suas funções;
    pode-se questioná-lo qunato à sua origem e destino, assim como quanto à sua
    liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua
    imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.

    Apesar da separação metodológica entre os tipos de
    conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, estas formas de conhecimento
    podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo
    da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a
    um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo
    conhecimentos provenientes do senso comum.

    Para melhor entender cada um desses tipos de
    conhecimento, vamos inicilamente traçar um paralelo entre o conhecimento
    científico e o conhecimento popular, para depois sinteticamente identificar o
    que caracteriza cada um deles.

     

    O conhecimento científico e outros tipos de
    conhecimento

    Ao se falar em conhecimento científico, o primeiro
    passo consiste em diferenciá-lo de outros tipos de conhecimentos existentes.
    Para tal, analisemos uma situação muito presente no nosso cotidiano.

    O parto no âmbito popular e o parto no âmbito da
    ciência da medicina.

    Tipos de conhecimentos que encontram-se mesclados
    neste exemplo:

    Empírico, popular, vulgar,
    transmitido de geração em geração por meio da educação informal e baseado na
    imitação e na experiência pessoal.

    Científico, conhecimento
    obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. Visa
    explicar "por que" e "como" os fenômenos ocorrem.

     

    Correlação entre
    Conhecimento Popular e Conhecimento Científico

     

    O conhecimento vulgar
    ou popular, também chamado de senso comum, não se distingue do conhecimento nem
    pela veracidade, nem pela natureza do objeto conhecido. O que diferencia é a
    FORMA, O MODO OU O MÉTODO E OS INSTRUMENTOS DO CONHECER.

    Aspectos a considerar:

    A ciência não é o único
    caminho de acesso ao conhecimento e à verdade.

    Um objeto ou um fenômeno
    podem ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem
    comum. O que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é
    a forma de observação.

    Tanto o "bom
    senso", quanto a "ciência" almejam ser racionais e objetivos.

     

    Características do
    Conhecimento Popular

     

    Se o "bom
    senso", apesar de sua aspiração à racionalidade e objetivo, só consegue
    atingir essa condição de forma muito limitada, pode-se dizer que o conhecimento
    vulgar, popular, latu sensu, é o modo comum , corrente e espontâneo de
    conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos.

    "É o saber que
    preenche a nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado,
    sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo".
    (Babini, 1957:21).

     

    Verificamos que o
    conhecimento científico diferencia-se do popular muito mais no que se refere ao
    seu contexto metodológico do que propriamente ao seu conteúdo. Essa diferença
    ocorre também em relação aos conhecimentos filosóficos e religioso (teológico).

    Apresentamos abaixo,
    em linhas gerais, as características principais dos quatro tipos de
    conhecimento: popular, filosófico, teológico e cinetífico.

     

    CONHECIMENTO
    POPULAR

     

    Superficial – conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode
    comprovar simplesmente estando junto das coisas.

    Sensitivo – referente a vivências, estados de ânimo e emoções da
    vida diária.

    Subjetivo – é o próprio sujeito que organiza suas experiências e
    conhecimentos.

    Assistemático – a organização da experiência não visa a uma
    sistematização das idéais, nem da forma de adquirí-las nem na tentativa de
    validá-las.

    Acrítico – verdadeiros ou não, a pretensão de que esses
    conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica.

     

    CONHECIMENTO
    FILOSÓFICO

     

    Valorativo – seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não
    poderão ser submetidas à observação. As hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência
    e não na experimentação.

    Não verificável – os enunciados das hipóteses filosóficas não podem
    ser confirmados nem refutados.

    Racional – consiste num conjunto de enunciados logicamente
    correlacionados.

    Sistemático – suas hipóteses e enunciados visam a uma
    representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em
    sua totalidade.

    Infalível e exato – suas hipóteses e postulados não são submetidos ao
    decisivo teste da observação, experimentação.

    A filosofia
    encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela
    formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto,
    procura responder às grandes indagações do espírito humano, buscando até leis
    mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.

     

    CONHECIMENTO
    RELIGIOSO OU TEOLÓGICO

     

    Apoia-se em doutrinas
    que contêm proposições sagradas, valorativas, por terem sido reveladas
    pelo sobrenatural, inspiracional e, por esse motivo, tais verdades são
    consideradas infalíveis, indiscutíveis e exatas. É um
    conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e
    destino) como obra de um criador divino. Suas evidências não são verificadas.
    Está sempre implícita uma atidude de fé perante um conhecimento revelado.

    O conhecimento religioso
    ou teológico parte do pricípio de que as verdades tratadas são infalíveis e
    indiscutíveis, por consistirem em revelações da divindade, do sobrenatural.

    CONHECIMENTO
    CIENTÍFICO

     

    Real, factual – lida com ocorrências, fatos, isto é, toda forma de
    existência que se manifesta de algum modo.

    Contingente – suas proposições ou hipóteses têm a sua veracidade
    ou falsidade conhecida através da experimentação e não pela razão, como ocorre
    no conhecimento filosófico.

    Sistemático – saber ordenado logicamente, formando um sistema de
    idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos.

    Verificável – as hipóteses que não podem ser comprovadas não
    pertencem ao âmbito da ciência.

    Falível – em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final.

    Aproximadamente
    exato
    – novas proposições e o
    desenvolvimento de novas técnicas podem reformular o acervo de teoria
    existente.

     

     

    MÉTODOS CIENTÍFICOS

     

    Todas as ciências
    caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em contrapartida, nem
    todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciências. Dessas
    afirmações podemos concluir que a utilização de métodos científicos não é da
    alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego
    de métodos científicos.

     

    Conceitos de método

     

    "Caminho pelo
    qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido
    fixado de antemão de modo refletido e deliberado". (Hegenberg,
    1976:II-115)
    1.

     

    "Forma de
    selecionar técnicas e avaliar alternativas para ação científica".
    (Ackoff In:
    Hegenberg, 1976:II-116)
    2.

     

    "Forma ordenada
    de proceder ao longo de um caminho". (Trujillo, 1974:24)
    3

     

    "Ordem que se
    deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado".
    (Jolivet, 1979:71)
    4.

     

    "Conjuntos de
    processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da
    verdade". (Cervo e Bervian, 1978:17)
    5.

     

    "Caracteriza-se
    por ajudar a compreender, no sentido mais amplo, não os resultados da
    investigação científica, mas o próprio processo de investigação".
    (Kaplan In:
    Grawitz, 1975:I-18)
    6.

     

    Desenvolvimento
    histórico do método

    A preocupação em
    descobrir e, portanto, explicar a natureza vem desde os primórdios da
    humanidade, quando as duas principais questões referiam-se às forças da
    natureza, a cuja mercê viviam os homens, e à morte. O conhecimento mítico
    voltou-se à explicação desses fenômenos, atribuindo-os a entidades de caráter
    sobrenatural. A verdade era impregnada de noções supra-humanas e a explicação
    fundamentava-se em motivações humanas, atribuídas a "forças" e
    potências sobrenaturais.

     

    À medida que o
    conhecimento religioso se voltou, também, para a explicação dos fenômenos da
    natureza e do caráter transcendental da morte, como fundamento de suas
    concepções, a verdade revestiu-se do caráter dogmático, baseada em revelações
    da divindade. É a tentativa de explicar os acontecimentos através de causas
    primeiras, os deuses, sendo o acesso dos homens ao conhecimento derivado da
    inspiração divina. O caráter sagrado das leis, da verdade, do conhecimento, como
    explicações sobre o homem e o universo, determina uma aceitação sem crítica dos
    mesmos, deslocando o foco das atenções para a explicação da natureza da
    divindade.

     

    O conhecimento
    filosófico, por sua vez, parte para a investigação racional na tentativa de
    captar a essência imutável do real, através da compreensão da forma e das leis
    da natureza.

     

    O senso comum, aliado
    à explicação religiosa e ao conhecimento filosófico, orientou as preocupações
    do homem com o universo. Somente no século XVI é que se iniciou uma linha de
    pensamento que propunha encontrar um conhecimento embasado em maiores
    garantias, na procura do real. Não se buscam mais as causas absolutas ou a
    natureza íntima das coisas; ao contrário, procuram-se compreender as relações
    entre elas, assim como a explicaçào dos acontecimentos, através da observação
    científica, aliada ao raciocínio.

    Da mesma forma que o
    conhecimento se desenvolveu, o método, a sistematização de atividades, também
    sofreu transformações. O pioneiro a tratar do assunto, no âmbito do
    conhecimento científico, foi Galileu Galilei, primeiro teórico do método
    experimental. discordando dos seguidores do filósofo Aristóteles, considera que
    o conhecimento da essência íntima das substâncias individuais deve ser
    substituído, como objetivo das investigações, pelo conhecimento das leis que
    presidem os fenômenos. As ciência, para Galileu, não têm, como principal foco
    de preocupações, a qualidade, mas as relações quantitativas. Seu método pode
    ser descrito como indução experimental, chegando-se a uma lei geral através de
    da observação de certo número de casos particulares. Os principais passos de
    seu método podem ser assim expostos: observação
    dos fenômenos; análise dos elementos constitutivos desses fenômenos,
    com a finalidade de estabelecer relações quantitativas entre eles; indução de
    certo número de hipóteses; verificação das hipóteses aventadas por
    intermédio de experiências; generalização do resultado das experiências
    para casos similares; confirmação das hipóteses, obtendo-se, a partir delas,
    leis gerais.

     

    Contemporâneo de
    Galileu, Francis Bacon também partiu da crítica a Aristóteles, por considerar
    que o processo de abstração e o silogismo (dedução formal que, partindo de duas
    proposições, denominadas premissas, delas retira uma terceira, nelas
    logicamente implicadas, chamada conclusão) não propiciam um conhecimento
    completo do universo. Parte do pressuposto de que o conhecimento científico é o
    único caminho seguro para a verdade dos fatos, devendo seguir os seguintes
    passos: experimentação; formulação de hipóteses; repetição; testagem das
    hipóteses, formulação de generalizações e leis.

     

    Ao lado de Galileu e
    Bacon, no mesmo século, surge Descartes. Com sua obra, Discurso do Método,
    afasta-se dos processos indutivos, originando o método dedutivo. Para ele,
    chega-se à certeza através da razão, princípio absoluto do conhecimento humano.
    Postula, então, quatro regras: evidência, que diz para não acolher
    jamais como verdadeira uma coisa que não se reconheça evidentemente como tal,
    isto é, evitar a precipitação e o preconceito e não incluir juízos, senão
    aquilo que se apresenta com tal clareza ao espírito que torne impossível a
    dúvida; análise, que consiste em dividir cada uma das dificuldades em
    tantas partes quantas necessárias para melhor resolvê-las, ou seja, o processo
    que permite a decomposição do todo em suas partes constitutivas, indo sempre do
    mais para o menos complexo; síntese, entendida como o processo que leva
    à reconstituição do todo, previamente decomposto pela análise, consistindo em
    conduzir ordenadamente os pensamentos, principiando com os objetos mais simples
    e mais fáceis de conhecer, para subir, em seguida, pouco a pouco, até o
    conhecimento dos objetos que não se disponham, de forma natural, em seqüências
    de complexidade crescente; enumeração, que consiste em realizar sempre
    enumerações tão cuidadosas e revisões tão gerais que se possa ter certeza de
    nada haver omitido.

     

    Com o passar do tempo,
    muitas outras visões foram sendo incorporadas aos métodos existentes, fazendo
    com que surgissem também outros métodos, como veremos adiante. Antes, porém,
    cabe apresentar o conceito de mátodo moderno, independente do tipo. Para tal,
    será considerado que o método científico é a teoria da investigação e que esta
    alcança seus objetivos, de froma científica, quando cumpre ou se propõe a
    cumprir as seguintes etapas:

    Descobrimento do
    problema
    – ou lacuna, num conjunto de
    acontecimentos. Se o problema não estiver enunciado com clareza, passa-se à
    etapa seguinte; se estiver, passa-se à subseqüente;

    Colocação precisa
    do problema
    – ou ainda, a recolocação
    de um velho problema à luz de novos conhecimentos (empíricos ou teóricos,
    substantivos ou metodológicos);

    Procura de
    conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema
    – ou seja, exame do conhecido para tentar resolver o
    problema;

    Tentativa de
    solução do problema com auxílio dos meios identificados
    – se a tentativa resultar inútil, passa-se para a
    etapa seguinte, em caso contrário, à subseqüente;

    Invenção de novas
    idéias
    – hipóteses, teorias ou
    técnicas ou produção de novos dados empíricos que rpometam resolver o problema;

    Obtenção de uma
    solução
    – exata ou aproximada do
    problema, com o auxílio do instrumental conceitual ou empírico disponível;

    Investigação das
    conseqüências da solução obtida
    – em
    se tratando de uma teoria, é a busca de prognósticos que possam ser feitos com
    seu auxílio. Em se tratando de novos dados, é o exame das conseqüências que
    possam ter para as teorias relevantes;

    Prova ou
    comprovação da solução
    – confronto da
    solução com atotalidade das teorias e da informaçào empírica pertinente. Se o
    resultado é satisfatório, a pesquisa é dada como concluída, até novo aviso. Do
    contrário, passa-se para a etapa seguinte;

    Correção
    das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da
    solução incorreta
    – esse é,
    naturalmente, o começo de um novo ciclo de investigação.

     

    Métodos específicos
    das Ciências Sociais

    A maioria dos autores
    faz distinção entre "método"e "métodos", porém, se de um
    lado a diferença ainda não ficou clara, de outro, continua-se utilizando o
    termo "método" para tudo.

    Como uma contribuição
    às tentativas de fazer distinção entre os dois termos, diríamos que o
    "método"se caracteriza por uma abordagem mais ampla, em um nível de
    abstração mais elevado, dos fenômenos da natureza e da sociedade. Assim,
    teríamos, em primeiro lugar, o método de abordagem assim discriminado:

    Método Indutivo– cuja aproximação dos fenômenos caminha geralmente
    para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais particulares
    às leis e teorias (conexão ascendente);

    Método Dedutivo – que, partindo das teorias e leis, na maioria das
    vezes predia a ocorrência dos fenômenos particulares (conexão descendente);

    Método
    Hipotético-dedutivo
    – que se inicia
    por uma percepção de uma lacuna nos conhecimentos, acerca da qual formula
    hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição da
    ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese.

    Método dialético – que penetra  o
    mundo dos fenômenos, através de sua ação recíproca, da contradição inerente ao
    fenômeno e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.

    Por sua vez, os
    "métodos de procedimento" seriam etapas mais concretas da
    investigação, com finalidade menos abstarta e mais restrita em termos de
    explicação geral dos fenômenos. Dir-se-ia até serem técnicas que, pelo uso mais
    abrangente, se erigiram em métodos. Pressupõem uma atitude concreta em relação
    ao fenômeno e estão limitadas a um domínio particular. São as que veremos a
    seguir, na área restrita das ciências sociais, em que gerlamente são utilizados
    vários, concomitantemente.

    Método Histórico – consiste em investigar acontecimentos, processos e
    intituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje.
    Para melhor compreender o papel que atualmente desempenham na sociedade,
    remonta aos períodos de sua formação e de suas modificações;

    Método Comparativo – é utilizado tanto para comparações de grupos no
    presente, no passado, ou entre os atuais e os do passado, quanto entre
    sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento;

    Método Monográfico – consiste no estudo de determinados indivíduos,
    profissões, instituições, condições, grupos ou comunidades, com a finalidade de
    obter generalizações;

    Método Estatístico – significa a redução de fenômenos sociológicos,
    políticos, econ6omicos etc, em termos quantitativos. A manipulação estatística
    permite comprovar as relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações
    sobre sua natureza, ocorrência ou significado;

    Método Tipológico – apresenta certas semelhanças com o método
    comparativo. Ao comparar fenômenos sociais complexos, o pesquisador cria tipos
    ou modelos ideais (que não existam de fato na sociedade), construídos a partir
    da análise de aspectos essenciais do fenômeno;

    Método Funcionalista
     
    é a rigor mais um método de interpretação do que de investigação. Estuda
    a sociedade do ponto de vista da função de suas unidades, isto é, como um
    sistema organizado de atividades;

    Método
    Estruturalista
    – o método parte da
    investigação de um fenômeno concreto, eleva-se, a seguir, ao nível abstrato,
    por intermédio da construção de um modelo que represente o objeto de estudo,
    retomando por fim ao concreto, dessa vez como uma realidade estruturada e
    relacionada com a experiência do sujeito social.

     

    Fonte: http://www.puc-rio.br/sobrepuc/depto/dad/lpd/…/tiposdeconhecimento.rtf